Home PessoasOpinião A hora e a vez da serendipidade, por Rafael Prikladnicki

A hora e a vez da serendipidade, por Rafael Prikladnicki


Por Rafael Prikladnicki*
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por bem2030

Serendipidade é descobrir coisas boas por mero acaso, sem previsão. É algo que acontece na ausência de qualquer projeto óbvio. E sempre foi algo bastante presente na dimensão física das empresas. Em muitas organizações, diversas ideias e negócios surgem em encontros ocasionais. Surgem a partir da serendipidade. Os ambientes criados por estas empresas devem, em sua gênese, constituir um sistema orgânico, flexível e adaptável permanentemente às necessidades que se apresentam.  

E esse é um movimento que precisa ser expandido. Organizações de todos os tamanhos, atuando nas mais diferentes áreas, devem ser estimuladas a conversar entre si com a finalidade de fomentar o empreendedorismo inovador e identificar novas oportunidades de negócios. Um dos grandes desafios está justamente em facilitar e propiciar oportunidades para que as companhias interajam cada vez mais – entre elas e com o seu entorno.  

Com a pandemia, vieram reflexões. Como manter a serendipidade nas empresas a partir da diminuição momentânea da atividade presencial? Como aumentar o alcance pela expansão da presença digital? Ficou ainda mais evidente algo que já se falava há anos: o físico é apenas uma parte da oferta de valor de um negócio, seja ele qual for. Empresas de varejo que antes tinham presença digital agora estão mais para empresas de tecnologia com alguma presença física. E isso muda completamente a dinâmica. O maior valor em qualquer empresa, atualmente, está na capacidade que ela tem de estimular a serendipidade. 

A pandemia acelera a necessidade de se fazer a ponte entre o físico e o digital. Mas não é algo trivial criar serendipidade digital. Como transferir a energia do ambiente físico 100% para o digital? Como reproduzir o digital no físico? Mas assim como a transformação digital é muito mais uma transformação estratégica do que tecnológica, a evolução de um espaço físico para um espaço digital também não é apenas sobre tecnologia: é sobre o espaço social.  

O FÍsico deve ser estendido pelo diGItal, mas ambos orquestrados pelo sociAL. Criando assim o ambiente FIGITAL. E com ele, nos deparamos com o próximo desafio: como desenvolver serendipidade FIGITAL? Trata-se de uma reflexão permanente. Mas atrevo-me com uma possível resposta: se antes havia o prédio que tinha uma comunidade, agora temos uma comunidade que tem um prédio. Uma comunidade, no espaço social, que atua fortemente de maneira digital, e que possui um espaço físico. 

*Rafael Prikladnicki é professor e pesquisador nas áreas de tecnologias e inovação.

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