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Roberta Isfer: o legado deixado pelo hype do metaverso


Roberta Isfer
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por obile

A gente gosta muito de hypar as coisas. E foi assim com o metaverso. O fato de o Facebook ter mudado o nome para Meta se tornou uma grande revolução. A partir daí, tivemos um movimento muito acelerado. As pessoas foram ver que já havia trabalho sendo feito sobre esse tema.

Como tudo, entretanto, o metaverso foi perdendo o hype com o tempo. O fim da pandemia e o retorno às atividades presenciais contribuíram para isso. Agora, estamos aterrissando no que é realmente viável. 

O ano de 2022 foi do metaverso. Já a pauta de 2023 se concentrou na Inteligência Artificial. Ao compararmos os dois, chegamos a um dos principais obstáculos para o metaverso deslanchar de fato. Estou me referindo à escala.

Quantas pessoas usaram o ChatGPT em 2023? Desde a minha mãe até os desenvolvedores mais especializados: todo mundo estava falando, testando e encontrando as utilidades daquela ferramenta. A partir daí, a IA se popularizou. Ela chegou ao seu ponto de inflexão e mostrou que veio para ficar. O metaverso não alcançou essa escala, devido a uma série de obstáculos estruturais.

A experiência imersiva necessita de um hardware que nem todos podem obter. Ou seja, o acesso é para poucos. A usabilidade é dificultada. Por isso, ainda não chegamos ao ponto de convergência.

Mas gosto de ter uma visão otimista. Acredito que, no momento, há mais pessoas antenadas no metaverso. Aumentou a quantidade de programadores interessados no tema. O hype foi importante para suscitar essa curiosidade. Aos poucos, o mercado entendeu que o metaverso não servia apenas para jogar videogame. A realidade imersiva pode funcionar para educação, saúde e negócios. O céu é o limite. Começa a ter mais gente apostando nisso.

União de forças

O fator comunidade é o grande componente do que definirá os próximos passos. A inovação não acontece sozinha. É necessário ter vários players pensando como ecossistema. E o foco deve ser a simplicidade para o usuário. Em especial, a interoperabilidade do ponto de vista de consumo – tanto nas plataformas quanto entre o físico e o digital.

É esquisito comprar algo no Fortnite e não poder usar no Roblox. Como fazer o on e o off desse dinheiro? Precisamos pensar nessa experiência de troca. É um tema diretamente ligado à Web3, outra pauta que ganhou destaque com o boom do metaverso. 

Ainda vivemos uma Web2.5. Estamos caminhando para essa economia tokenizada, rastreada pelo blockchain. Vamos entender que se trata de algo simples e seguro, que pode acontecer de maneira prática e eficiente.

A agilidade desse cenário não tem volta. Mas, para chegar lá, um dos requisitos é a união de forças entre o público e o privado. O usuário, que é o centro do processo, precisa ter regulamentação clara e estrutura. Não adianta pensarmos em metaverso se o 5G não funciona. Ou se não houver empoderamento do consumidor a partir dos seus dados. Ele deve fazer mais do que apenas aceitar cookies. 

É vital entender o ponto de dor desse cliente. E trabalharmos em parceria para conferir essa simplicidade. Uma inovação confinada para poucos não alcança escala. //

Roberta Isfer, Inovation Experience and Content Director Latam & Caribbean da Visa. Este texto é um depoimento da autora ao jornalista Emanuel Neves.

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