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José Prado: a hora das insurtechs


José Prado
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por obile

Historicamente burocrático e distante das necessidades dos consumidores, o mercado de seguros vem passando por grandes mudanças. A ascensão das insurtechs trouxe um outro olhar para o setor. Nesse sentido, o uso de novas tecnologias tem ajudado a simplificar processos e a oferecer produtos mais acessíveis à população.

Atualmente, existem quase 170 startups desse tipo no Brasil, atendendo às mais diferentes áreas. Algumas são novas seguradoras; outras atuam como canais de distribuição; e há, ainda, as que oferecem soluções tecnológicas B2B.

Nos últimos anos, observamos um crescimento significativo no número de seguradoras, impulsionado pelo Sandbox, ambiente regulatório experimental criado pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) para estimular a implantação de novos projetos. Até o fim de 2022, as insurtechs participantes emitiram quase R$ 74 milhões em prêmios. A expectativa é de um aumento de 200% nesse valor, com 90% delas apresentando melhoria nos resultados finais. Trata-se de um indicativo de como o mercado pode ser menos concentrado, com melhores preços e maior qualidade para o consumidor.

Como representante da Associação Brasileira de Insurtech, estou otimista com o apoio da Susep à inovação no setor, o incentivo a mudanças regulatórias para facilitar o desenvolvimento de produtos de seguros e a introdução do Open Insurance – que representa, ao mesmo tempo, uma oportunidade e um desafio. Nesse cenário, a Inteligência Artificial terá um impacto crescente, sobretudo em processos internos como a subscrição de riscos.

Outra tendência do mercado são os embedded insurances, seguros integrados nas jornadas de diversos produtos e setores, os quais a tecnologia das insurtechs ajudou a expandir. Tanto é que se tornaram uma das principais linhas de receita de grandes empresas como Nubank, Sem Parar e Mercado Livre.

Mercado potencial x desafios

Como falei, há alguns desafios pela frente, como os juros altos e a redução de investimentos. Com a retração no mercado global de Venture Capital, as startups (incluindo-se aí as insurtechs) precisaram se adaptar a um modelo de alto investimento para garantir o crescimento rápido com foco em resultados positivos e eficiência operacional.

Mas o maior deles é ampliar o número de brasileiros segurados. Para se ter uma ideia, cerca de 70% dos clientes das empresas do Sandbox nunca haviam contratado seguros. Há muita margem para expansão, o que passa por conectar dois pontos-chave, que andam lado a lado: inovação e inclusão. O Brasil tem tudo para ser um dos principais exportadores de tecnologia para o mercado de seguros, seguindo os passos do setor bancário. Isso ajudará a tornar os produtos mais acessíveis e a alcançar um segmento ainda não atendido pelas seguradoras.

Para tanto, é importante estabelecer parcerias com empresas de outros setores, fintechs e até mesmo seguradoras tradicionais – nas quais há necessidade urgente de digitalizar mais seus processos internos. Acredito também que a educação orientada à inovação é essencial para promover a atualização dos colaboradores das seguradoras.

Buscamos reforçar a importância dessas questões no Insurtech Brasil, cuja próxima edição já tem data marcada: 13 de junho de 2024. O evento virou ponto de encontro para a comunidade de inovação em seguros – um segmento cada vez mais focado em desenvolver produtos que reduzam a burocracia e priorizem a experiência do consumidor final. //

José Prado é CEO do Insurtech Brasil e vice-presidente da Associação Brasileira de Insurtech (ABI). Este texto é um depoimento do autor ao jornalista Daniel Sanes.

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