No cenário dinâmico e desafiador do mercado financeiro, o conceito de “future-ready” tem se destacado como uma bússola para empresas que buscam não apenas sobreviver, mas prosperar em um ambiente de constante transformação. Segundo a MIT Sloan Management Review, uma empresa future-ready é aquela que possui agilidade, resiliência e inovação necessárias para se adaptar rapidamente às mudanças do mercado e às novas tecnologias. Gosto de introduzir esse conceito sustentado por três pilares principais: processos ágeis, tomada de decisão baseada em dados e cultivo de uma cultura de inovação. Vamos explorar cada um desses pilares e como eles podem ser aplicados no setor financeiro.
1 – PROCESSOS ÁGEIS
A agilidade organizacional é crucial para empresas financeiras que desejam ser future-ready. Isso significa que a empresa deve ser capaz de responder rapidamente a mudanças, sejam elas regulatórias, tecnológicas ou de mercado. Implementar metodologias ágeis, como Scrum ou Kanban, pode ajudar as equipes a trabalhar de forma mais eficiente e colaborativa, permitindo uma adaptação mais rápida a novos desafios e oportunidades.
No contexto financeiro, a agilidade pode ser aplicada na adaptação a novos regulamentos ou na incorporação de tecnologias emergentes, como blockchain e inteligência artificial, de maneira mais rápida que os concorrentes. Um exemplo prático é a capacidade de desenvolver e lançar produtos financeiros inovadores em resposta às mudanças nas preferências dos clientes, mantendo sempre o foco na melhoria contínua dos processos internos. É o que, na prática, estamos vendo com a onda de hiperpersonalização de produtos financeiros nos últimos tempos.
2 – TOMADA DE DECISÃO BASEADA EM DADOS
Em um mundo onde dados são premissas para crescimento e ganho de competitividade, a capacidade de coletar, analisar e interpretar essas informações de maneira eficaz é fundamental para as empresas financeiras que desejam ser future-ready. A tomada de decisão baseada em dados permite que as organizações identifiquem tendências de mercado, entendam o comportamento dos clientes e desenvolvam estratégias mais precisas e eficazes.
Para isso, as instituições financeiras devem investir em tecnologias de análise de dados avançadas e na formação de equipes capacitadas para interpretar essas informações. Além disso, a implementação de sistemas que integrem dados de diferentes fontes pode fornecer uma visão mais completa e precisa, facilitando decisões informadas que impulsionam o crescimento e a competitividade.
3 – CULTIVO DE UMA CULTURA DE INOVAÇÃO
O último pilar para se tornar uma empresa future-ready é cultivar uma cultura de inovação. Isso implica encorajar a experimentação,
tolerar o fracasso como parte do processo de aprendizado e promover um ambiente onde novas ideias possam surgir e ser testadas rapidamente.
Empresas financeiras que adotam uma cultura de inovação estão mais preparadas para explorar novas oportunidades e se adaptar a mudanças disruptivas. Isso pode incluir desde o desenvolvimento de novos modelos de negócios até a criação de soluções tecnológicas que melhoram a experiência do cliente. É importante que a liderança da empresa promova ativamente a inovação, incentivando todos os níveis da organização a contribuir com ideias e soluções criativas.
PLANEJAMENTO FINANCEIRO FUTURE-READY
Para alinhar o planejamento financeiro ao conceito future-ready, as empresas devem incorporar práticas que não apenas garantam a sobrevivência no presente, mas que também criem uma base sólida para o futuro. Algumas estratégias essenciais podem icluir:
• Gestão de riscos dinâmica: é crucial desenvolver sistemas para identificar, avaliar e mitigar riscos de forma proativa. Isso envolve a utilização de dados em tempo real para prever possíveis ameaças e preparar respostas rápidas e eficazes.
• Investimento em tecnologia: a alocação de recursos em tecnologias emergentes deve ser uma prioridade. Isso não apenas melhora a eficiência operacional, mas também posiciona a empresa para aproveitar novas oportunidades de mercado.
• Foco no cliente: o planejamento financeiro deve ser centrado no cliente, garantindo que as ofertas de produtos e serviços atendam às necessidades em constante evolução dos consumidores. Isso pode ser alcançado por meio de análises de dados avançadas que forneçam insights sobre preferências e comportamentos dos clientes.
• Flexibilidade orçamentária: a capacidade de ajustar rapidamente as alocações orçamentárias em resposta a mudanças nas condições do mercado é essencial. As empresas devem manter reservas financeiras que permitam ajustes rápidos e estratégicos – e essa capacidade, na minha opinião, é o mais desafiador por questões de governança (mas isso é uma conversa para outro texto).
INTEGRAÇÃO DOS PILARES
A integração desses três pilares — agilidade, dados e inovação — cria um ciclo virtuoso que potencializa a capacidade da empresa de se adaptar e prosperar. Processos ágeis facilitam a implementação rápida de insights gerados a partir de dados, enquanto uma cultura de inovação garante que a organização esteja constantemente em busca de maneiras de melhorar e evoluir.
Empresas financeiras future-ready não apenas reagem às mudanças do mercado; elas antecipam essas mudanças e moldam o futuro do setor. Ao adotar esses pilares, as instituições podem transformar desafios em oportunidades, garantir a satisfação e fidelidade dos clientes e, finalmente, alcançar um crescimento sustentável.